terça-feira, 21 de agosto de 2012

Os cargos do candomble__Olóyès , Ogãns e Àjòiès

 
Iyalorixá/Babalorixá: Mãe ou Pai de Santo, é o posto mais elevado do ILê; tem a função de iniciar e completar o ato de iniciação dos olorixás. 
 Iyaegbé/Babaegbé: É a segunda pessoa do axé. Conselheira, responsável pela manutenção da Ordem, Tradição e Hierarquia. Posto paralelo ao da Iyalorixá ou Babalorixá. 
 Iyalaxé: Mãe do axé, a que distribui o axé. É quem escolhe os Oloyes de acordo com as determinações superiores.  
Iyakekere: Mãe pequena do axé ou da comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todos no Ilê.

 Ojubonã: É a mãe criadeira.  Iyamoro: Responsável pelo Ipadê de Exú. Junto com a Agimuda, Agba e Igèna.  
Iyaefun/Babaefun: Responsável pela pintura dos Iyawos.(pessoas de oxalá) Iyadagan: Auxilia a Iyamoro e vice-versa. Também possui sub-postos Otun-Dagan e Osi-dagan.  
Iyabassé: Responsável no preparo dos alimentos sagrados. Todos Olorixás podem auxiliá-la, sendo ela a única responsável por qualquer falha eventual. 
 Iyarubá: Carrega a esteira para o iniciando. E usa toalha de Orixá no ombro.  
Aiyaba Ewe: Responsável em determinados atos em obrigações de "cantar folhas". Geralmente filhas de Oxum. Aiybá: Bate o ejé em grandes obrigações. Tem sub-posto Otun e Osi.  
Ològun: Cargo masculino, despacha aos Ebós das grandes obrigações, a preferência é para os filhos de Ogun, depois Odé e Oluwaiyê.  Oloya: Cargo feminino, despacha os Ebós das grandes obrigações, na falta de Ològun. São filhas de Oya.

 Mayê: Mexe com as coisas mais secretas do Axé, ligadas a iniciação do Adoxú.  
Agbeni Oyê: Posto paralelo a Mayê, divide a mesma causa.  
Oyê: Se relaciona com a Yaefun/Babaefun; ou seja, coisas de AWO para iniciação.  Olopondá: Grande responsabilidade na inicição, no âmbito altamente secreto. I
yalabaké: Responsável pela alimentação do iniciado, enquanto o mesmo se encontrar de obrigação.  Kólàbá: Responsável pelo Làbá, simbolo de Xângo. 
 Agimuda: Relação com o Ipadê de Exú. Aquela que carrega a espada. Titulo feminino usado no culto de Oya e Geledé. 
 Iyatojuomó: Responsável pelas crianças do Axé.  Iyasíhà Aiyabá: é quem segura o estandarte de Oxalá.  Omolàra: Posto de confiança.  Sarapegbé: Mensageiro de coisas civis e de awo.  
Akòwé Ilê Xangô: É a Secretária da casa de Xângo. Zelo, Orô e compras.  
 Babalossayn: Responsável pela colheita das folhas. Cargo de extrema importância.  
Axogun: Responsável pelos sacrifícios. Traz axé de Ogun. Trabalha em conjunto com Iyalorixá/Babalorixá, Oloyês e Ogans. não pode errar. Responsável direto pelos sacrifícios do ínicio ao fim do ato. Soberano nestas obrigações, é quem se comunica com o Orixá para quem se destina a obrigação, transmitindo à Iyalaxé as respostas e mandamentos. Deve ser chamado de Pai. E também possui sub-posto Otun e Osi.

 OgaláTebessê: Dono dos toques, cânticos e danças. Trabalha em conjunto com o Alagbê, possui sub-posto Otun e Osi.  
 Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos Ilùs, os instrumentos musicais sagrados. Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de madrugada para que faça a ALVORADA mais ou menos 40 min. Se um autoridade de outro Axé chegar ao Ilê, o Alagbê, tem de lhe prestar as devidas homenagens "dobrar o Ilù" oferecer até sua própria cadeira. Também possui sub-posto Otun e Osi.  Alagbá: Ambito civil do Axé. 
 Àjòiè: Camareira do Orixá. Ekédi.  Ojuoba: Posto de honra no Ilê Xangô e possui sub-posto Otun e Osi.  Teololá: Aquela que acompanha os Obas de Xangô.  
Sobalóju: Título masculino e feminino. Sendo o mais importante e atraente, o preferido do rei. Mawo: Grande confiança.  Balógun: Título ligado ao Ilê Ogun.  Alagada: Ogan que cuida das ferramentas de Ogun.  Balóde: Ogan de Odé.

 Aficodé: Chefe do Aramefá (6 corpos) ligado ao Ilê Odé.  
Ypery: Ogan ou Àjòiè de Odé  Alajopa: Pessoa de Odé, que leva a caça para ele.  
Alugbin: Ogan de Oxalufan e Oxaguian que toca o Il¦ù dedicado a Oxalá. 
 Assogbá: Ogan ligado ao Ilê Omolú e cultos de Obaluaiye, Nanã, Egun e Exú.  
Alabawy: Pessoa que trabalha na área jurídica e que cuida dos interesses civis do Axé.  
Leyn: Pessoa do Ogun ou Odé, que zela Ogun.  
Alagbede: Pessoa que trabalha no ramo de ferro e metais e forja as ferramentas do Axé.  
Elémòsó: Ogan ou Àjòiè de Oxaguian, ligados ao Ilê Oxalá.  
Gymu: Àjòiè de Omolu, que cuida de tudo que se relaciona a Omolu, Nanã e Ossany.  
Kaweó: Ligado ao Ilê Ossaiyn.  
Ogòtún: Ligado ao Ilê Oxun. Oba Odofin: Ligado ao Ilê Oxalá.  Iwin Dunse: Ligado ao Ilê Oxalá.  
Apokan: Ligado ao Ilê Omolú.  Abogun: Ogan que cultua Ogun

 

quinta-feira, 24 de maio de 2012


                                  ORIXÁS POUCO CULTUADOS:

 AAAJÁ : Está ligado à floresta, é aquela que ensina o uso das ervas.
ABÉ : É cultuado na Casa Grande das Almas das Minas, no Maranhão, é irmã gêmea de BADÉ, no Jêje
é chamado de AGBÈ.
AFÉFÉ : Deusa dos ventos, Deusa Yorubá. Se relaciona com Oyá.
AFOMAN: Deus da varíola, responsável pelas epidemias.
AJÉ XALUGÃ : O escolhido de Olorum, representa riqueza e sucesso. Quando grande soma de dinheiro
tem que ser obtida é feito apelo à este Orixá.
AJÁ : É um Orixá que comenda o vento e possui uma força extraordinária. As pessoas desse Orixá
fazem sacrifícios de animais e festejos separados dos demais.
AGEMÓ : É um tipo de Orixá comum entre Ijébû e Agoiwóye.
AZAMODÔ : Cultuado no Jêje. No seu dia é realizada uma grande festa (6 de Janeiro). Nessa festa,
todos os iniciados devem usar roupa branca. As mulheres trazem na cabeça travessas e gamelas de
barro repletas de frutas, que são colocadas nos pés das árvores correspondentes. Todos devem comer
frutas. Não há sacrifício de animais.
APAOKÁ : Orixá que tem o seu corpo em forma de árvore, é o senhor da jaqueira. Segundo algumas
lendas gerou Oxossi. È muito confundido com Irôko.
AXABÓ : Orixá feminino da família de Xangô, usa vestimentas nas cores vermelho e branco (podendo
ser estampado). Usa sempre pano da costa. Traz na mão uma lira.
AÍZA : É o vodum da morte. O seu assentamento é enterrado o mais fundo possível, ou tapado com
cimento, de forma que ninguém tenha acesso. Esta entidade também protege aqueles que trabalham
no comércio, seu assentamento é fundamentado com sangue humano. Seu ferro é uma foice.
AFREKUETÊ : ou AWEREKUETÉ. Deus da abertura dos caminhos, divindade africana, cujo culto é
mais freqüente no Jêje. Tem ligação com Kevioso.
AIDOVEDÔ : Pertence ao culto da Dã.
AKONKORÊ : È assentado na cajazeira sagrada. Cultuado na Casa Grande das Minas do Maranhão.
AKÔSSAPATÁ : No nosso culto corresponde a Sakpatá.
BAIANNI ou BANHANI : Tem ligação com Xangô. Suas vestimentas são parecidas com a de Xangô,
traz também um adé de búzios, de modo que fica desproporcional com a cabeça do Iaô.
BADÉ : Ele é o filho de Sogbo. È considerado príncipe. Usa roupa colorida com predominância de
branco e vermelho, usa também um gorro na cabeça.
BALUFON ou BALUFAN : deus inventor da tecelagem.
BOSSÚKO ou POSSÚ : Pertence a família chamada Dambirá, ligada à terra. É muito perigoso.
DOSÚ ou DOSÚPE : Pertence à família dos antepassados.
YAMI OXORONGÁ : É um Orixá terrível ao qual devemos o máximo de respeito. Sua representação na
África é através de um pássaro africano. YAMI emite sons assustadores, de onde vem o seu nome. Ao
se falar nesse Orixá deve-se fazer reverência. Como dona da barriga humana ela é terrível em suas
cobranças. É considerada uma bruxa e um pássaro ao mesmo tempo, seu símbolo é uma coruja.
Iyami Oshorongá é o termo que designa as terríveis ajés, feiticeiras africanas, uma vez que ninguém
as conhece por seus nomes. As Iyami representam o aspecto sombrio das coisas: a inveja, o ciúme, o
poder pelo poder, a ambição, a fome, o caos o descontrole. No entanto, elas são capazes de realizar
grandes feitos quando devidamente agradadas. Pode-se usar os ciúmes e a ambição das Iyami em
favor próprio, embora não seja recomendável lidar com elas.
O poder de Iyami é atribuído às mulheres velhas, mas pensa-se que, em certos casos, ele pode
pertencer igualmente a moças muito jovens, que o recebem como herança de sua mãe ou uma de suas
avós.
Uma mulher de qualquer idade poderia também adquiri-lo, voluntariamente ou sem que o saiba, depois
de um trabalho feito por alguma Iyami empenhada em fazer proselitismo.
Existem também feiticeiros entre os homens, os oxô, porém seriam infinitamente menos virulentos e
cruéis que as ajé (feiticeiras).
Ao que se diz, ambos são capazes de matar, mas os primeiros jamais atacam membros de sua família,
enquanto as segundas não hesitam em matar seus próprios filhos. As Iyami sao tenazes, vingativas e
atacam em segredo. Dizer seu nome em voz alta é perigoso, pois elas ouvem e se aproximam pra ver
quem fala delas, trazendo sua influência.
Iyami é freqüentemente denominada eleyé, dona do pássaro. O pássaro é o poder da feiticeira; é
recebendo-o que ela se torna ajé. É ao mesmo tempo o espírito e o pássaro que vão fazer os trabalhos
maléficos.
Durante as expedições do pássaro, o corpo da feiticeira permanece em casa, inerte na cama até o
momento do retorno da ave. Para combater uma ajé, bastaria, ao que se diz, esfregar pimenta
vermelha no corpo deitado e indefeso. Quando o espírito voltasse não poderia mais ocupar o corpo
maculado por seu interdito.
Iyami possui uma cabaça e um pássaro. A coruja é um de seus pássaros. É este pássaro quem leva os
feitiços até seus destinos. Ele é pássaro bonito e elegante, pousa suavemente nos tetos das casas, e é
silencioso.
"Se ela diz que é pra matar, eles matam, se ela diz pra levar os intestinos de alguém, levarão".
Ela envia pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os olhos e os
pulmões das pessoas, dá dores de cabeça e febre, não deixa que as mulheres engravidem e não deixa
as grávidas darem à luz.
As Iyami costumam se reunir e beber juntas o sangue de suas vítimas.

Toda Iyami deve levar uma
vítima ou o sangue de uma pessoa à reunião das feiticeiras. Mas elas têm seus protegidos, e uma
Iyami não pode atacar os protegidos de outra Iyami.
Iyami Oshorongá está sempre encolerizada e sempre pronta a desencadear sua ira contra os seres
humanos. Está sempre irritada, seja ou não maltratada, esteja em companhia numerosa ou solitária,
quer se fale bem ou mal dela, ou até mesmo que não se fale, deixando-a assim num esquecimento
desprovido de glória. Tudo é pretexto para que Iyami se sinta ofendida.
Iyami é muito astuciosa; para justificar sua cólera, ela institui proibições. Não as dá a conhecer
voluntariamente, pois assim poderá alegar que os homens as transgridem e poderá punir com rigor,
mesmo que as proibições não sejam violadas. Iyami fica ofendida se alguém leva uma vida muito
virtuosa, se alguém é muito feliz nos negócios e junta uma fortuna honesta, se uma pessoa é por
demais bela ou agradável, se goza de muito boa saúde, se tem muitos filhos, e se essa pessoa não
pensa em acalmar os sentimentos de ciúme dela com oferendas em segredo. É preciso muito cuidado
com elas. E só Orunmilá consegue acalmá-la.
Fonte: As Senhoras do Pássaro da Noite
IYA : É uma Deusa cultuada pelos negros da nação Grunci. O assentamento dessa deusa é feito em
um tanque, com conchas e caramujos, além de quartinhas de porcelana.
LISSA : É considerado Vodun pertence a família do raio.,
MAWU : Possui uma parte feminina e outra masculina, o seu par feminino é LISSA. Para alguns as
duas partes são gêmeas, uma corresponde à Lua outra ao Sol, filhos de uma divindade suprema
ANABIOLÁ.
POLIBOZI : Vodun cultuado na Casa Grande das Minas, no Maranhão, cujo pai é Sakpatá.
JOKÉN : Deuses jovens que servem de guias abrindo caminhos para outros Voduns mais velhos
passarem. Cultuado no Jêje.
IMOLÉ : É uma entidade sobrenatural que representa os mortos e os ancestrais. São representados
por pequenos montes de terra e é batendo a terra que devem ser invocados.
ONILÊ :É um irunmolé cultuado pelos sacerdotes de Eguns. É a primeira entidade a receber as
oferendas nas obrigações.É uma entidade sobrenatural, pois representa os mortos e os ancestrais.
Usa-se montículos de terra para representa-lo e é batendo ritualmente na terra que devem ser
invocados os mortos.
YEBURU ou YE-BI-IRU : Mãe de todos os Orixás. É a mulher de Orumilá, cuja ligação concebeu Exu
Elegbara.
YAMASE : É a mãe de Xangô, a esposa de Oranmian ou Araniyan.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

                                                 OS ORIXÁS

São massas de movimentos lentos, serenos e de idade imemorial. São dotados de um grande equilíbrio, necessário para manter a relação entre os que nascem e os que morrem, entre o que é dado e o que é devolvido. Por isso, estão associados à justiça e ao equilíbrio. São as entidades mais afastadas dos seres humanos e as mais perigosas. Incorrer no desagrado ou na irritação desses Orixás-funfun é fatal. Tal situação, está associada ao sentimento que aterroriza alguns iniciados, ao aniquilamento total, a de ser completamente reabsorvido pela massa e não renascer nunca mais. Funfun aqui é utilizado com duplo sentido: do branco,de tudo que é branco, os objetos e as substâncias brancas; e a do incolor, anti-substância, o nada. O QUE SÃO ORIXÁS ? Muita gente acredita que os orixás são seres inferiores, perversos e de pouca luz. Ou, então, chegam a defini-los como criaturas demoníacas, com grande poder de destruição, usados somente para o mal. Mas, então, o que realmente são os orixás? Para nós, os orixás são seres divinos criados por Olorun, nosso Deus único, que o auxiliaram na criação do universo e de todos os seus componentes. A partir daí, eles ganharam a função de intermediários entre o criador e a criatura. É através deles que podemos tentar chegar um pouco mais perto de Deus, se isso não for muita pretensão para nós, meros mortais. Segundo os yorubás, os orixás são os donos da nossa cabeça, ou "ori", e nossos protetores individuais. Eles estão sempre tentando nos transmitir seus conhecimentos, que, muitas vezes, passam desapercebidos pela nossa razão, mas não pelos nossos sentidos. Infelizmente, não damos a devida importância a esse fato, achando que são "coisas da nossa imaginação". Segundo acreditamos, houve uma grande ruptura entre os seres humanos e os orixás, que antes viviam lado a lado, cada um podendo visitar o mundo um do outro; ou seja, a Terra (àiyé) e o céu (orun), estavam ligados entre si, não existindo barreiras. Algumas lendas do Candomblé contam que tudo corria muito bem, até um ser humano desrespeitar a ordem estabelecida por Olorun. Seu erro foi adentrar em um local proibido, maculando-o com a sujeira da Terra. Isso não foi perdoado, e a separação tornou-se inevitável. Assim, Oxalá soprou o seu hálito divino sobre a Terra, criando o ar atmosférico, que seria, daí em diante, a barreira entre esses dois mundos. Desde então, os seres humanos vivem tentando alcançar o céu e seus seres encantados, sem obter resultado. Nós, através do Candomblé, conseguimos restabelecer essa ligação com o orun, e temos o poder de presenciar claramente a manifestação da centelha divina em nosso interior, que é a experiência mais maravilhosa que alguém pode experimentar. A esse conjunto de mecanismos criados pelos seres humanos para tentar chegar mais perto do criador e reatar, assim, a comunicação interrompida no passado, é a melhor definição para a palavra religião. Há varias formas de um mesmo orixá, isto é, existem vários tipos diferentes provenientes de uma mesma origem divina. A esse fenômeno damos o nome de qualidades. Tomemos o exemplo do orixá Oxun, que reina nas águas doces. Ele irá subdividir-se em várias formas ou qualidades, como: Pondá, Opará, Kare, Topé, etc. Todas essas qualidades têm a mesma essência, mas diferem entre si em muitas coisas, inclusive no que diz respeito a seus fundamentos e rituais. Esse tema é muito complexo, gerando dúvidas até mesmo entre os babalorixás. Por isso, para podermos detectar o orixá de uma pessoa, assim como sua forma ou qualidade, é preciso consultar o oráculo de Ifá, ou jogo de búzios. Não existe outro meio mais seguro e eficaz. Através dos búzios, um bom sacerdote será capaz de identificar, o orixá ao qual a pessoa pertence, e também verificar se há, realmente, a necessidade de se fazer a iniciação. Caso isso seja inevitável, a pessoa em questão deverá passar por vários preceitos de confirmação até o dia da feitura. É fundamental que não haja erros de espécie alguma, pois é com a vida de um ser humano que estamos lidando. Quando o babalorixá identifica o orixá de alguém, terá, necessariamente de levantar todos os detalhes que estão ligados a ele, como a família ao qual pertence, as oferendas de que gosta, o tipo de comida que mais lhe agrada, seus lugares de ebós, rezas, cantigas, etc. É, também, muito importante saber sobre o elemento da natureza que ele habita e domina, bem como a função que desempenha dentro do universo. Os orixás podem ser evocados através de rezas (aduras), cantigas especiais (orikis), ou pelo seu nome dentro do plantel dos orixás (morunko). Cada um deles tem suas cores predominantes, que derivam das três cores básicas do universo, que, segundo os yorubás, são o vermelho, o preto e o branco. As roupas rituais de cada orixá, além de todos os adereços e ferramentas que lhe são peculiares, também exibirão essas cores. As comidas também são indispensáveis nas oferendas, variando muito de orixá para orixá. ORIXÁS Os negros africanos, ao chegarem ao Brasil, trouxeram um culto primitivo, oriundo de sua pátria, conhecido como Candomblé. Aparentemente de maneira infantil, cultuavam alguns deuses chamados por eles de "orixás". Essas divindades seriam, por um lado, ligadas à natureza e por outro aos homens. Praticantes seculares do mediunismo, os negros adeptos do Candomblé, não aceitavam e não aceitam até hoje, a "incorporação" em seus médiuns de Espíritos de "mortos". No Candomblé um Espírito errante é chamado de "egum". As definições a seu respeito e as lendas africanas a respeito de onde eles se originaram são várias, mas coincidem em alguns pontos básicos: Orixás são divindades intermediárias entre o Deus Supremo e o mundo terrestre, encarregados de administrar a criação e se comunicar com os homens através de vistosos e complexos rituais. As estórias sobre eles falam-nos de seres profundamente humanos em seu comportamento - arquétipos que encontram correspondência com várias mitologias, entre elas a greco-romana. Existem duas correntes básicas que tentam explicar o aparecimento dos Orixás. Uma delas remonta a criação do universo. Antes de tudo havia o caos, até que um deus supremo, Olorum (à semelhança do Deus católico) criou o universo, suas estrelas, planetas, o mundo material, que se separava, de maneira drástica, do que havia antes, o mundo imaterial ou sobrenatural. Para estabelecer seu controle sobre os seres que habitariam esses mundos (ou, especificamente, à Terra), Olorum criou os elementos, sendo cada um deles a forma material dos Orixás. Outra maneira de se explicar o mesmo processo é menos mística; os Orixás seriam seres humanos importantes, donos de grande poder em vida, que morreram de maneiras incomuns, por meio de grandes acessos de cólera ou então de fulminante paixão. Essa sobrecarga de sentimento teria provocado uma espécie de derramamento da essência de cada ser, impedindo que eles assumissem a forma comum de todos os espíritos mortos, os eguns. Neste caso, tais espíritos se identificariam com um dos elementos da natureza. O Orixá seria, então, um ancestral divinizado, que, quando vivo, estabeleceu controle sobre certas forças da natureza, tais como o trovão, o vento, as águas doces ou salgadas, ou mesmo sobre certas atividades como a caça, o trabalho em metal, ou ainda, sobre o conhecimento das virtudes e da utilização das plantas. O poder, o Axé, do ancestral Orixá teria a faculdade, depois da sua morte, de se transmitir momentaneamente a um de seus descendentes, no decorrer de uma crise de possessão. Havia cerca de 600 Orixás na África, que se reduziram a 50 no Brasil; desses, apenas 16 são cultuados no Candomblé na atualidade. Esse processo de assimilação, no entanto, não está definido; ao longo deste século, assistiu-se, por exemplo, à progressiva reabilitação de Nanã, assim como outras entidades aos poucos vão sendo esquecidas. Os "orixás", ao presidirem a própria natureza através de seus agentes, trariam em si características de personalidade que os ligariam a determinados estados evolutivos da espécie humana. A vibração provocada pelo tipo de personalidade de um certo indivíduo, vai colocá-lo sob a influência de determinado "Orixá". Diz-se, então, que ele é oriundo daquela faixa psíquica, ou como fazem no Candomblé, que ele é "filho de Santo". Os orixás podem ser considerados arquétipos da personalidade freqüentemente escondida das pessoas. Os seus adeptos têm em comum tendências inatas e um comportamento geral correspondente a cada Orixá: a virilidade devastadora e vigorosa de XANGÔ, a feminilidade elegante e vaidosa de OXUN, a sensualidade desenfreada de OYÁ-YANSAN, a calma benevolente de NANAN, a vivacidade e a independência de OXOSSI, o masoquismo e o desejo de expiação de OMOLU etc. os mais cultuados atualmente no Brasil, e de acordo com o título, uma religião a serviço do povo, os de maior interesse pela nossa própria necessidade, maior conhecimento e interação. Levando sempre em consideração que são denominados na linguagem yorubana. Existe uma subdivisão, entre os orixás, que os diferencia e identifica, de uma forma mais individual, mesmo dentro do seu grupo, que é denominado "qualidade" do orixá, cabe uma explicação mais aprofundada; cada pessoa tem um orixá individual, único e exclusivo, não existem dois orixás iguais em toda terra, e todos possuímos, o que chamamos de "cuia' , formada por sete orixás, sendo um principal, chamado de "frente" - o dono do Orí - , o segundo "ajuntó", os demais: "proteção", "carrego", "alicerce" e "cumieira". A cada orixá, as qualidades variam de acordo com a nação que se pratica (kêto, gêge, angola, ijexá, fon...), essas qualidades exprimem situações desses orixás, que podem ser, títulos honoríficos (caso de Xangô), tipos de animais, lugares, situações, formas ... os sete orixás que formam a "cuia" de cada pessoa, com as suas mais diversas qualidades, formam entre si, uma combinação matemática, quase que infinita, o que propicia a cada indivíduo, um orixá único, sem outro igual. Os ORIXÁS - deuses IORUBÁS na África e no Novo Mundo – seriam ancestrais míticos encantados e metamorfoseados nas forças da natureza. Cada Indivíduo tem um ORIXÁ principal que é o "dono da cabeça", e outros três que exigem cultua cão e que também oferecem proteção. A tradição afirma que cada ser humano, no momento em que é criado, escolhe livremente sua cabeça (ORI) e seu destino (ODU). Cada pessoa tem uma origem divina, que a liga a uma divindade específica. Esta parte divina é situada dentro da cabeça. A substância de origem divina (IPORI) torna manifesta a filiação a um deus especifico – o ELEDÁ, por Isso chamado o dono da cabeça. Conhecer seu ELEDÁ possibilita ao homem ser artífice de seu próprio destino, cumprindo as obrigações ou Interdições que seu ORIXÁ determina. Saber manipular tais influências equivale ao conhecimento do horóscopo natal com as melhoras de vida, que se pode obter sabendo ouvir os astros. 0 "dono da cabeça" (ELEDÁ) determina o tipo psicológico de seu filho e responde, também, por suas características físicas e seu destino. Tradicionalmente, sabe-se qual o ORIXÁ da cabeça, pela leitura de búzios - forma divinatória na qual se lê o ODU. Para isso, usa-se búzio africano (CAURI) previamente preparado para esse fim.

terça-feira, 22 de maio de 2012

O CANDOMBLÉ a uma estrutura de culto às forças da natureza, a um hino à vida como Eterno Movimento, que se manifesta nas danças, nas cores dos ORIXÁS, nos alimentos sacramentais. Ritual comunitário de cantos, danças e alimentos sagrados na sua forma pública, o Candomblé é sacramentado pelo Pai ou Mãe de Santo, pelos Filhos de Santo, pelos tocadores de atabaque (OGAN), que entoam os cantos sagrados possibilitando a vinda do ORIXÁ, com a participação da comunidade dos mais velhos às criancinhas. Todos cantam e saúdam os ORIXÁS, executam a dança sagrada, num hino à Alegria, Amor e Partilha. O CANDOMBLÉ se expressa nos terreiros ou roças, onde se cultuam os ORIXÁS e os ancestrais ilustres. O terreiro contém dois espaços, com características e funções diferentes: (a) um espaço urbano, construído, onde se dá a dança; (b) um espaço virgem (árvores e uma fonte, equivalentes à floresta africana), que é considerado sagrado. O chefe supremo do terreiro é o BABALORIXIÁ ou IYALORIXÁ (pai ou mãe que possuem o ORIXÁ). Eles são detentores de um poder sobrenatural - o AXÉ, a força propulsora de todo Universo. O AXÉ impulsiona a prática sagrada que, por sua vez, realimenta o AXÉ, pondo todo sistema em movimento. O AXÉ sendo principio e força é neutro. Transmite-se, aplica-se e combina-se aos elementos naturais, que contam e expressam o AXÉ do terreiro, que pode ser: (a) o AXÉ de cada ORIXÁ, realimentado através das oferendas e da ação ritual; (b) o AXÉ de cada membro do terreiro, somado ao do seu ORIXÁ, recebido na iniciação, mais o AXÉ do seu destino individual (ODU) e o herdado dos próprios ancestrais; (c) o AXÉ dos antepassados ilustres. O AXÉ como força pode diminuir ou aumentar dependendo da prática litúrgica e rigorosa observância dos deveres e obrigações. A força do AXÉ é contida e transmitida através de elementos representativos do reino vegetal, animal e mineral (oferendas) e podem ser agrupados em três categorias: (a) sangue vermelho do reino animal (sangue), vegetal (azeite de dendê) e mineral (cobre); (b) sangue branco do reino animal (sêmen, a saliva), vegetal (seiva), mineral (giz); (c) sangue preto do reino animal (cinzas de animais), vegetal (sumo escuro de certos vegetais) e mineral (carvão, ferro). Estes três tipos de sangue, por onde veicula o AXÉ, com sua coloração, vai determinar a fundamental importância da cor no culto. Resumindo: o AXÉ é, portanto, um poder que se recebe, partilha-se e distribuí-se através da prática ritual, da experiência mística e iniciática, conceitos e elementos simbólicos servindo de veículo. É a força do AXÉ que permite que o ORIXÁ venha e realizese. A existência transcorre em dois planos: o AIYE (mundo, habitação do homem) e o ORUN (além, habitação dos ORIXÁS, mundo paralelo ao mundo real, que coexiste com todos os conteúdos deste). Cada indivíduo, árvore, animal, cidade etc, possui um duplo espiritual e abstrato no ORUN. Os mitos revelam que, em épocas remotas, o AIYÉ e o ORUN estavam ligados, e os homens podiam ir e vir livremente de um local a outro. Houve, porém, a violação de uma interdição e a conseqüente separação e o desdobramento da existência. Um mito da criação nos conta que nos primórdios, nada existia além do ar. Quando OLORUN começou a respirar, uma parte do ar transformou-se em massa de água, originando ORIXALÁ - o grande ORIXÄ FUNFUN do branco. O ar e as águas moveram-se conjuntamente e uma parte deles transformou-se em bolha ou montículo uma matéria dotada de forma - um rochedo avermelhado e lamacento. OLORUN soprou vida sobre ele e com seu hálito deu a vida a EXU, o primeiro nascido, o procriado, o primogênito do Universo. OLORUN abrange todo espaço e detém três poderes que regulam e mantém ativos a existência e o Universo: IWÁ, que permite ao Universo genérico o ar, a respiração; AXÉ, que permite a existência advir dinâmica; ABÁ, que outorga propósito e dá direção. Ou como diz o poeta Moraes Moreira em "Pensamento Ioruba": Para tudo ser tem que ter IWA. Para vir a ser tem que ter AXÉ. Para o sempre ser tem que ter ABÁ Ao combinar esses três poderes de forma específica, OLORUN transmite-os aos IRUNMALÉ, entidades divinas que remontam aos primórdios de universo, encarregados de mantê-las nas diferentes esferas de seu domínio. Os IRUNMALÉ seriam em número de seiscentos, quatrocentos da direita (os ORIXÁS, detentores dos poderes masculinos) e duzentos da esquerda (os EBORAS, detentores dos poderes femininos). Os ORIXÁS são massas de movimentos lentos, serenos, de idade imemorial. Estão dotados de um grande equilíbrio que controlam as relações do que nasce, do que morre, do que é dado, do que deve ser resolvido. São associados à Justiça e ao equilíbrio, principio regulador dos fenômenos cósmicos, sociais e individuais. Vimos que quando OLORUN começou a respirar, gerou ORIXALÁ e EXU, o procriado. Na qualidade de procriado, EXU não pode ser isolado nem classificado em qualquer categoria. Minha homenagem ao meu BARA! Nestes escritos sobre os ORIXÁS, EXU com seu perfil psicológico e o tipo determinante dos seus filhos, abrirão os caminhos sendo o primeiro a ser evocado.